Comumente fala-se que o bioma característico de Mato Grosso do Sul, por sua vez de Bonito (MS) e Serra da Bodoquena, é o cerrado. Porém, muitas vezes o que vemos é já uma pastagem, outrora fora um cerrado. No entanto, em muitos passeios turísticos nessa região o que se vê nos entornos dos rios, que chamamos de mata ciliar, é a Mata Atlântica. O que ocorre é que a há fragmentos de um bioma dentro de outro. Assim, encontramos Pampas no Pantanal, Mata Atlântica no Cerrado, Pantanal no Tocantins, onde é geralmente Cerrado e, até Caatinga no Pantanal.
Vemos então em Bonito e Serra da Bodoquena, de forma mais simplista, florestas (Mata Atlântica) e o Cerrado. Curiosamente cerrado vem da palavra em espanhol, "cerrado", que significa fechado. Conquistadores espanhóis relatavam a respeito da vegetação frases como: "Esta mata es muy cerrada" (Esta mata é muito fechada). O que ocorre é que as características gerais do cerrado, que na nomenclatura internacional é savana, possui uma vegetação arbustiva, que surge com facilidade devido às árvores de baixa estatura, que permitem a passagem de muita luz solar, em associação com características minerais e ambientais, sendo árvores resistentes às secas, com troncos de cascas grossas, galhos retorcidos e folhas oleosas. Os arbustos formam um emaranhado de espinhos e cipós. Mesmo com facões ou machetes, como são chamados na região, nos tempos espanhóis, levava-se um dia, às vezes, para avançar alguns metros.
Além do cerrado e de florestas, a Serra da Bodoquena, na Bacia do Alto Paraguai, que é um planalto, está entre a planície do Pantanal e a Serra de Maracaju, com seus maciços de arenito e sendo esta uma divisora entre as Bacias do Rio Paraná e do Alto Paraguai, encontramos naturalmente um refúgio da vida selvagem. Especialmente que um pouco mais de 70 mil Hectares (70 mil campos de futebol) dentro da Serra da Bodoquena, temos o Parque Nacional da Serra da Bodoquena, sendo o último reduto de floresta subtropical contínua em Mato Grosso do Sul.
A diversidade de espécies no Pantanal é tida como a maior do mundo e, devido à proximidade e pelos corredores (verdes), como o Parque Nacional da Serra da Bodoquena, a diversidade continua também na Região de Bonito (MS), onde está a Serra da Bodoquena. Há também reservas em diferentes modalidades nas propriedades rurais, além da categoria Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). Apesar disso, ainda há a necessidade de se pensar mais nos não humanos, pois espécies animais em busca de novos espaços, para suas sobrevivências, muito pela pressão ocupacional humana, transitam entre seus santuários, se expondo em estradas e provocando atropelamentos.
Historicamente, não somente o cerrado e as florestas predominavam antes da ocupação humana maciça, que ocorreu na era pós colombiana, a partir do final do século XV, mas também os campos nativos, sendo estes últimos que em grande parte deram espaço às lavouras de café e arroz do século XX, na região de Bonito (MS), como também as pastagens, primeiramente naturais, o que ainda existe no Pantanal, mas que deram posteriormente espaço às gramíneas das savanas africanas do gênero Brachiaria (pronuncia-se "braquiária"), após 1978.
Atualmente busca-se a conciliação das atividades agropecuárias, o turismo, a mineração ou qualquer atividade econômica, que se tenha um equilíbrio com a conservação ambiental, sendo o caminho viável para um desenvolvimento econômico sustentável. Dessa forma, não apenas a sociedade humana garantirá sua existência, mas também o respeito às espécies não humanas, que além de serem alvo de curiosidade dos turistas, é belo de se ver espécies vivendo livremente e coexistindo com toda a ocupação humana, sabendo-se que humanos são muito espaçosos.